terça-feira, 29 de março de 2011

Estágios, estágios e mais estágios

Sinceramente, já me começa a irritar profundamente esta história das entidades empregadoras anunciarem a pedir candidaturas para estagiar nas suas empresas. Esta sede de estagiários é crescente. Já não somos nós a correr atrás dos estágios, para aplicarmos na prática aquilo que aprendemos na teórica. Mas sim, eles, a vir atrás de nós. Precisam de um profissional, exigindo estagiários.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades condiz com esta sede de estagiários... A corrida em busca de um estagiário não é para oferecer um estágio e ajudar à entrada deste no mercado de trabalho. A corrida aos estagiários esconde a vontade de ter o trabalho feito a custo zero ou muito reduzido.

A irritação tem também a ver com o facto de detectar imensos anúncios a pedir estagiários. crescem como cogumelos estes pseudo-anúncios de emprego.

sábado, 26 de março de 2011

Tarefas para entreter

Ontem aconteceu-me um episódio de contornos semelhantes a este já mencionado. Partiu de uma pessoa conhecida. A intenção era colocar-me a fazer uma tarefa essencial para a realização de um trabalho. Um favor, portanto. Não me importo de fazer favores, mas destes dispenso. Quando digo destes refiro-me a egoismo puro, oportunismo duro e a requintes de malvadez disfarçados de sentimento de pena (abomino!).

Mas esta malta pensa que por não se ter um trabalho a full-time anda por ai sem nada que fazer de café em café a emborcar medronhos? Pensam que não temos mais nada para fazer? Pensam que os trabalhos como trabalhadora independente são distracções adiáveis e fazíveis quando apetece? Ainda se me desse todo o trabalho, como já outras pessoas o fizeram e também eu já o fiz, era uma história; agora dar-me tarefas assim do nada?! Desenrasque-se, pois não sou lacaia.

"Olha estou com imenso trabalho. A juntar ao full-time estou que nem posso com biscates e não tenho tempo para esta tarefa. És a pessoa ideal para a fazeres porque estás sem fazer nada o dia inteiro". Por outras palavras foi isto que me disse... não é a única a fazer tais actos egoistas nem eu a única a levar com eles. Esta história fez-me recordar um desabafo de uma amiga: há largas semanas contou-me que uma amiga comum tentou dar-lhe tarefas para estar entretida. Mesma intenção, outras palavras... e não tenho mais palavras para tamanho egoismo com laivos de falsa preocupação.

Urgente: oferta de estágio

Hoje a busca por um estágio já não faz sentido. Hoje, abriu a caça ao estagiário, que se traduz na busca de um colaborador qualificado, que aceite trabalhar de borla na esperança de um dia receber um parco salário.

De facto, hoje soltei sonoras gargalhadas ao ler o título de um anúncio num reconhecido site de ofertas de emprego. Tal como o título deste post, o dito apelava à urgência em receber candidaturas de estagiários.

Engraçado porque há uns anos atrás eramos nós que corríamos atrás dos estágios, ou seja, contactavamos as empresas para lá realizarmos com sucesso um estágio. Agora pedem estagiários a torto e a direito. Onde já se viu pedir com urgência quem queira realizar um estágio como se de uma oferta de trabalho se tratasse.

Posto isto, reforço a minha teoria explicada há um ou dois posts atrás: deveria existir um site específico dedicado aos estágios para as empresas com lucros à custa de mão-de-obra barata ali colocarem os seus anúncios a pedir estagiários.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Trabalho de borla

Hoje tentaram - subtil e descaradamente - que fizesse um trabalho que demoraria algumas horas... de borla! A lata destes gajos não tem medidas! Foram muito subtis, mas topei o que queriam à distância de um clique.

Esta história teve início, na semana passada, quando respondi a um anúncio em que pediam um freelancer. Responderam algumas horas depois. Diziam que queriam passar à fase da entrevista, pois tinham gostado do meu CV. Como tal, indicaram-me temas para pesquisar, de modo a estar preparada para a dita. Assim o fiz, na desportiva. Hoje, enviaram um email a solicitar um trabalho com a intenção - disseram - de verem a qualidade do meu trabalho. Aproveito para sublinhar que enviei trabalhos já realizados, portanto desculpa mais esfarrapada não existe. Também acrescentaram que se gostassem, iria ter a tão falada entrevista e mais trabalho. Uma coisa é irmos a uma empresa e fazermos um teste, que integra todo o processo de selecção. Outra coisa é este tamanho oportunismo descarado e mal disfarçado...

É óbvio que se gostassem, aproveitavam e nada mais diriam. É óbvio que o anúncio foi colocado num site de emprego com a intenção de aliciar para depois pedirem este trabalho. É óbvio que não haveria mais trabalhos. É óbvio ser uma forma subtil de irem tendo trabalho a custo zero. É óbvio que crescem como cogumelos seres deste género. Oportunistas FDP (não têm outro nome). É óbvio que ignorei o email.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sites de emprego

Agora, ao ler este anúncio irritei-me profundamente e pensei se algo não poderá ser feito no sentido de contrariar uma tendência cada vez mais comum. Refiro-me aos demais sites de emprego que apresentam anúncios a pedir escravos, salpicados de anúncios sérios. Neste anúncio em concreto chamam ao trabalho à borla de "regime de solidariedade". Nome pomposo comparado com o popular "estágio" ou o grosseiro (mas directo) "trabalho não remunerado".

Crescem como cogumelos (venenosos) estes pseudo-anúncios. Entopem sites, por sua vez utilizados por quem está à procura de trabalho remunerado ou emprego pago com salário digno ao final do mês. As entidades anunciantes, essas, aprenderam umas com as outras tais manhas para terem lucro a custo zero no que respeita a mão-de-obra.

Sinceramente, deveria ser criado um site apenas dedicado a esta anormalidade e ilegalidade, que é pedir mão de obra a custo zero ou a troco de uns euros para ajudas de custo?! Caso fosse criado um site, ou uma área específica para o efeito no próprio site, quem realmente procura de emprego ficaria com o lixo automaticamente eliminado e não ficaria com os nervos à flôr da pele ao ler anúncios como o mencionado. É uma vergonha!

domingo, 20 de março de 2011

Stress de Domingo

Hoje, diversas vezes ao longo do dia, lembrei-me do stress que costuma ter ao Domingo, especialmente a partir do final do dia. O fim-de-semana tinha passado num ápice e estava a horas de começar mais uma semana, num ambiente de trabalho mau, repleto de gente mesquinha e sempre pronta a lixar o próximo. O stress dava lugar à má disposição, durante a manhã de Segunda-feira e, no final do dia, já partia contente para casa... como tinha boas condições de trabalho e gostava do que fazia, ia superando coisas como mau ambiente, algazarra e gritaria ao meu redor e de quando em vez dirigida a mim, intriga, má educação, parca cooperação e etc e tal.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ando a circular em emails

Quando decidi arrancar com este blog para desabafar, mas também para denunciar alguns episódios que aconteceram e que vão acontecendo, na qualidade de desempregada, empregada e prestadora de serviço e também de falso recibo verde, enviei um email para malta amiga para lhes dar a conhecer e para divulgarem se assim o entendessem. Hoje, recebi no meu email a seguinte mensagem:

«Ler com atenção sff e enviar para o pessoal amigo. É triste ter que fazaer isto, mas é a veradade pura e dura. http://memoriasdesempregadas.blogspot.com/
Fazer share no face book sff. Se acharem por bem, divulguem.»
 
Transcrevi exactamente como recebi e não foi a mensagem que enviei para alguns amigos, na altura em que divulguei o Memórias Bem (Des)empregadas (Memórias para os amigos). Quem me enviou, provavelmente nem faz a menor ideia que sou eu que o alimento. 
 
Fiquei contente. Fez-me sorrir. É sinal que houve quem o divulgou e, por conseguinte, outra pessoa o fez e outra e mais outra. É engraçado. Gostei.
 
Obrigada a todos aqueles que divulgam não apenas o Memórias mas outros parecidos, assim como alguns casos e algumas causas. É preciso acreditar, ter força e nunca desistir.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Semana das recusas

Definitivamente! Hoje foram mais duas, sendo uma de uma entrevista que fui há uns tempos a informar que não fui a seleccionada e a outra de um anúncio que respondi a informarem que o processo foi cancelado.

O que admiro é o facto de informarem. Acho digno de nota e denota que têm consideração. Da nossa parte, ficamos com o assunto arrumado, o que é sempre bom.

A semana vai a meio e seria tão bom receber uma boa notícia, ainda esta semana. Dava para animar, bem como contrabalançar a enchurrada de negas.

terça-feira, 15 de março de 2011

Gerações à rasca

Ainda não tinha manifestado a minha opinião sobre este acontecimento que ganhou relevo no Facebook. Pensava que iria ter adesão, mas nunca pensei (nem eu nem ninguém talvez) que tivesse movido milhares.

Foi uma manifestação linda, emocionante e que mostrou o descontentamento do povo, sem limite de idade ou geração definida. Foi lindo ver a pacificidade com que decorreu. Foi lindo não ter havido violência. Foi lindo ver no mesmo evento pessoas e grupos que não partilham a mesma ideologia política. Foi lindo ver pais com filhos a caminhar rumo ao Rossio. Foi lindo ver portugueses e estrangeiros unidos pela mesma causa. Tudo foi lindo. Só espero que dali saiam consequências contra a precariedade, contra falhas do sistema prejudiciais para a classe trabalhadora, contra a austeridade, contra a exploração... 

Hoje levei uma nega

Amor com amor se paga, dizem. E uma resposta que tive hoje parece que veio a confirmar esta máxima. Ontem recusei eu, hoje recusaste tu.

Entre a passada quinta-feira e hoje decorreu um processo, que englobou resposta a anúncio, solicitação de um teste, realização e envio de teste. Gostaram do teste, mas não me escolheram para um biscate que até iria gostar de fazer, apesar de mal pago.

O que virá amanhã? Uma convocatória a um dos inúmeros anúncios que respondi ou a uma das muitas candidaturas espontâneas? Uma resposta positiva com semanas de atraso porque o processo de selecção afinal foi mais demorado que o esperado? Mais uma nega?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Hoje recusei um biscate

É verdade e devia ter deixado atrás de mim, pelo menos uma pessoa, a pensar que não quero é trabalhar. Trabalhar quero e muito - para além de gostar, sinto-me útil, estou ocupada com algo que gosto e mantém a minha sanidade mental - apenas não quero é pagar para trabalhar. Era o caso.

Além de ser muito (mesmo muito) mal pago, na qualidade de prestação de serviços, o trabalho a realizar era humanamente impossível. Perante as condições e a minha recusa, uma das pessoas deixou escapar da alma um pensamento. Verbalizou e confirmou o que eu pensei: só trabalhando 24 sob 24 horas seria possível realizar tal tarefa.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cunho da cunhocracia

Mentira, falta de palavra, fuga e cunhas. Eis algumas das coisas que me tiram do sério e suscitam em mim (uma pessoa de brandos costumes) uma enorme vontade de bater em alguém. Hoje irritei-me profundamente com uma resposta que chegou à minha caixa de correio electrónica.

Em meados de Fevereiro fui a esta entrevista e a intenção era na semana seguinte ligarem para uma reunião onde me iriam dar trabalho na qualidade de prestadora de serviços. Passou-se uma semana, enviei um email e nada. Passaram-se duas, liguei e nada. Enviei novo email ontem e hoje dignaram-se a responder (em mau português e grande atrapalhação) que, afinal, o director geral escolheu outra pessoa.

Cunhocracia a dar as cartas. Ao menos que não informem pessoas exteriores à cunhocracia. Porém, como já não é a primeira com o cunho da cunhocracia a atravessar-se no meu caminho, gostaria de um dia vir a saber se têm a cunha (que por si só já é mau) porque utilizam os demais? Porque os informam que foram seleccionados? Porque os informam que começam a trabalhar em determinada data e depois cancelam como se de um pedido gastronómico se tratasse? A cunha não deu logo a resposta? A cunha apareceu depois de terminado o processo?

Lanço desde já um desafio aos Mestres de Cunhas a escreverem um livro (pode ser com pseudónimo) a revelarem as respostas a estas e muitas outras questões. Queremos saber e é já o que se passa nos bastidores da cunhocracia.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Obviamente, vou manifestar-me no dia 12 de Março

É um facto que constato e comprovo. Basta para isso olhar para os inúmeros anúncios que vêm parar ao meu email, através de newsletters. Finalmente, hoje, consegui responder a dois. Acontece que, ao longo de vários dias, apenas tenho enviado candidaturas espontâneas. Porquê? Não por preguiça, mas porque todos os anúncios pedem escravos dos tempos modernos, vulgo estagiários.

Uma curiosidade caricata que verifiquei em dois ou três anúncios foi a mudança de designações, nomeadamente de "estágio" para "estágio curricular". Muito resumidamente, porque o assunto causa-me uma certa comichão (confesso!), segundo esta legislação, os estagiários devem receber salário, excepto aqueles que são admitidos para estágios curriculares. É, pois, fácil para o empregador dizer que é um estágio curricular para ter o trabalho de borla e lucrar com o mesmo.

Eu Vou! para protestar contra isto e muito mais. Vou para me juntar a outros camaradas e companheiros de luta, para dar voz ao manifesto que nos une.  

terça-feira, 1 de março de 2011

Mas esta está a durar há tempo demais

Pois é, não há forma de mandar embora esta desmotivação. Pegou-se como se de uma lapa se tratasse. Contudo, hoje senti um ligeiro desapego. No preciso momento em que o senti, vi um vídeo, no qual aparece uma amiga que foi despedida. O seu testemunho é igual a muitos e muitos outros. Dispensada injustamente, após tempo de dedicação, apesar de ter sido admitida em condições precárias. Fez-me pensar que neste mundo laboral vence quem é amigo de boy ou até mesmo boy. Cada vez mais, de facto.

Obviamente, as notícias acerca da nossa geração e da nossa luta contra a precariedade e as pedras atiradas na nossa direcção estão a contribuir para a morosidade desta chata desmotivação. No que respeita a respostas e entrevistas, nada de nada...