terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ambientes degradantes e decadentes

Num destes últimos dias, ao falar com amigos sobre os ambientes de trabalho actuais e sua respectiva mudança, lembrei-me dos que vivi outrora onde não havia vampiros. De facto, estas criaturas têm surgido cada vez mais. Será que a vida nas trevas também se está a complicar?

Vieram para ficar e destruir ambientes salutares; dividir para reinar; manipular para conseguir os seus objectivos; espalhar a discórdia; fomentar a intriga; sabotar o trabalho alheio; minar amizades e bons contactos; lixar o próximo gratuitamente ou com um fim sem olhar a meio; roubar ideias; dar guarida aos amigos, afastando os outros; dar graxa e lamber botas a chefias e patrões. Isto e muito mais integram as actividades destes pequenos seres, sedentos de sangue fresco :)

domingo, 21 de novembro de 2010

Está despedido: tem sotaque

Estou a tirar um curso e, na turma, existe um rapaz que desabafou ter sido despedido. Ok, é recorrente e já ninguém fica espantado quando ouve alguém dizer que deixou de ter emprego. Ficámos espantados, sim, quando nos confindenciou a causa. O facto do rapaz ter sotaque motivou o despedimento. Incrível!

Um motivo estapafúrdio, descabido, injusto e para o qual não há palavras. Ainda não houve nenhum momento em que senti dificuldade em perceber as palavras deste jovem. O sotaque está lá, é verdade, mas não interfere negativamente na mensagem. Tem boa dicção e projecção da voz, fala correctamente Português, pouco utiliza o calão e é educado.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quer trabalhar? Tem de pagar!

A minha primeira entrevista, após a última vez que fiquei desempregada, foi um must. Digna não apenas de nota mas de umas boas gargalhadas.

Aconteceu em Agosto, algures em Lisboa, muito próximo do Largo do Rato. Diziam ser uma associação sem fins lucrativos, com imenso trabalho e cheios de vontade de fazer isto e aquilo e mais aquilo. Mostraram que estavam a recrutar várias pessoas. Achei interessante e ficou acordado um dia e uma hora.

Cheguei lá e percebi que a pessoa que me ia entrevistar não estava. A dita ligou para o escritório para chegar à fala comigo. Sugeriu outro dia. Reforcei que me dirigi ás instalações de propósito e que poderia esperar. E assim foi. Estive à seca 1 hora.

A entrevista foi hilariante e com direito a desenhos e tudo! A entrevistadora começou por dizer que os cv não interessavam para nada, que tinha imenso trabalho e que necessitava de pessoas para o desenvolver. O monólogo já ia longo e deveras confuso quando a interrompi e disse:

"Mas, afinal, está interessada na minha colaboração para quê? Objectivamente o que iria fazer?"

"Trabalho há muito. Demais até, mas tem de pagar quotas para lhe dar trabalho", respondeu a senhora, que prosseguiu com o monólogo, agarrou numa folha e começou a desenhar um esquema muito parecido à pirâmide. Porém, havia uma diferença. Nas suas palavras:

"Haverá um 'bolo', que será dividido por todos. Todos vão ganhar o mesmo."

UAU! Que esquema tão interessante. Acabei de ouvir o monólogo, acenando sempre com a cabeça, mantendo um sorriso e emitindo "ã-ã" de quando em vez. Terminada a "entrevista", a senhora diz-me o seguinte:

"Vou então enviar-lhe o meu NIB para fazer a transferência bancária para começar a receber trabalho".

"Ok", respondi, despedindo-me e agradecendo a oportunidade.

Mas o que é isto? Pagar para trabalhar? Sem palavras...

Respostas, onde estão?

Nos últimos 4 meses deveria ter enviado aproximadamente 400 emails com o meu CV em anexo. Destes 400, 70% dizem respeito a respostas a anúncios e 30% a candidaturas espontâneas. Como seria de esperar, não recebi nenhuma resposta às candidaturas espontâneas. Aos anúncios, recebi 4 a dizer que a minha candidatura não foi seleccionada e 4 marcações de entrevista, sendo que a uma não fui por ter achado a conversa esquisita, bem como o local e hora da entrevista. Antendendo ao facto de preencher quase todos os requisitos dos anúncios respondidos, é caso para questionar onde páram as respostas...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Trabalhar muito e receber pouco

Estava na rotina de procurar e ler e, eventualmente, responder a anúncios de emprego quando me deparo com um caricato. Num dos requisitos estava escarrapachado o seguinte "... alguém que não se importe de trabalhar muito e ganhar pouco".

Por um lado, foram sinceros e deitaram as cartas na mesa. Por outro, mostraram ser detentores de uma tamanha lata. Trabalhar muito não assusta, pelo contrário. Imagino o pouco que oferecem... infelizmente, muitos foram aqueles que responderam, sem pensar que ao responderem estão a consentir o aparecimento de muitas mais e a contribuir, ainda mais, para a degradação dos direitos do trabalhador.

Precisamos trabalhar mas também precisamos de ser merecidamente remunerados.

Não respondi, como é óbvio. Pensei em responder à letra, mas achei que não valia a pena perder o meu precioso tempo com empregadores que não têm consideração pelos trabalhadores.

domingo, 14 de novembro de 2010

Foi escolhida!

Esta foi uma das coisas que mais me alegria deu em ouvir ultimamente. O dia ganhou outra cor e apeteceu-me gritar para todo o mundo ouvir. Sem explicar muito bem o porquê contive tal gritaria e guardei para mim que, afinal, já tinha arranjado emprego.

A entrevista correu bem, o meu perfil encaixava que nem uma luva nos requisitos pretendidos. Mesmo assim fiquei a pensar que provavelmente iriam optar por outra pessoa. Afinal, mostrei um certo desagrado quando em números falaram.

Uma semana após a dita, ligaram-me a dizer que fui seleccionada e que iriam subir os euros! Uau! Perguntaram quando poderia ir às instalações para as formalidades da praxe: definir o dia para começar e, entre outras pequenas coisas, conhecer o administrador. Marcámos a reunião e dei três pulos de alegria quando desliguei a chamada. Iria finalmente integrar o mundo laboral.

Volvidas horas recebo uma chamada do mesmo destinatário a informar-me do cancelamento da reunião, devido a imprevistos. Voltariam a contactar para indicar nova data. Ligaram, mas com outra ladainha: a da mudança de planos. Decidiram cancelar a contratação e aproveitar a "prata da casa". Pediram desculpa, sobretudo, pelas expectativas criadas e disseram para dar notícias.

Notícias? Estão a gozar? Tomam substâncias ilícitas? Bebem álcool ao pequeno-almoço? FDP com maiúsculas! Mas o que é isto? Nunca me aconteceu tão pouco conheço a quem tenha acontecido. É imoral, é estapafúrdio, é de uma insensibilidade extrema e chega a ser hilariante! Teria sido para um novo programa de apanhados com desempregados?

Não sei exactamente o que aconteceu, mas denota uma tremenda falta de comunicação interna, de sentimentos, de consideração, de profissionalismo, de tudo!

Uma coisa é decidirem internamente e internamente voltarem a decidir o contrário. Não informarem que não fomos seleccionados também já se aceita, embora denote falta de consideração. Agora, informarem para o exterior e depois retirarem o que disseram, pleeeeeease! Isso não se faz senhores! Somos humanos, temos esperanças, expectativas e queremos trabalhar... dizer que conseguimos, que fomos escolhidos e depois desdizer.

É triste. Afinal, houve uma razão para não divulgar que tinha encontrado trabalho... Contar este episódio é muito penoso mas seria ainda mais penoso contar que ia deixar de estar desempregada e depois dizer que afinal não seria bem assim.

Nas Nuvens

Quando fui ver o filme Nas Nuvens, de que gostei particularmente, estava longe de imaginar que iria enfrentar, mais uma vez, o lobo mau, vulgo desemprego. Tudo corria às mil maravilhas, recebia elogios. Havia um senão: estava a recibos verdes. Falsos recibos verdes, para ser mais exacta. Isto quer dizer que cumpria horário, tinha local de trabalho e chefia. Ah pois é, um "recibo verde", na prática, é trabalhador independente, portanto é "contratado" para determinada tarefa, normalmente utiliza os seus recursos, pode trabalhar a partir de casa ou de uma esplanada. Ora, quando a dita tarefa acaba, cada um segue a sua vida. Não era este o caso.

Bom, enquanto via o filme era impossível não me recordar das duas vezes em que a entidade se dirigiu a mim para me galardoar com uma bela indemnização e com o papel para o Centro de Emprego, dar-me palmadinhas nas costas, elogiar o meu bom trabalho e desejar-me boa sorte. Não temi o que tinha na altura, porque até estava a correr bem. Pelo contrário, tinha a secreta esperança de ir ficando e de um dia me presentearem com um contrato.

Poucos meses depois, deram-me um pontapé no rabiosque sem "até breve". O pontapé foi dado através de email. Lindo! Após um ano a cumprir horário e a receber ordens para executar tarefas e até a receber elogios, eis que me vejo obrigada a reiniciar o subsídio de desemprego, adquirido há uns 2 anos porque a empresa estava com dificuldades económicas, tendo de encerrar uma publicação - por coincidência, ou não, o trabalho que desenvolvia estava mais relacionado com a dita publicação.

A vida continua e aqui estou eu em busca de um trabalho, emprego. De preferência na minha área. Caso contrário, uma solução de recurso até encontrar outro. Esta busca , que dura desde Agosto último, já teve algumas histórias dignas de nota. Convido à leitura e, pelo meio, alguns desabafos e opiniões :)

A razão deste blog

A criação deste blog partiu de uma conversa com uma pessoa amiga. Contava-lhe a última peripécia, na qualidade de desempregada. Lançou o desafio de escrever sobre este e muitos outros episódios. Até me ajeito a escrever. É preciso dar a conhecer certas situações. É interessante e actual. Como é óbvio, dei-lhe ouvidos, caso contrário estas linhas não estariam a ser lidas. Algumas outras se seguirão.

Já não é a primeira vez que sou atirada para o desemprego. Sem contar com o tempo que estive à espera do primeiro emprego, já me vi nesta situação 3 vezes sem ter culpa, sem esperar, sem pedir, sem merecer...

Neste espaço pretendo relatar o que me vai na alma. Sobretudo relatar algumas situações irreais inimagináveis por quem nunca esteve desempregado e talvez até por quem já o esteve.