quinta-feira, 28 de abril de 2011

Você vive?

É verdade, esta foi uma das perguntas feitas na última entrevista para "emprego" a que fui, ontem. Fiquei a olhar para a entrevistadora, que parecia estar com uma grande moca. Disse-lhe que não estava a perceber a pergunta, ao que me respondeu "quero dizer se você vive".

Comecei a imaginar-me um zombie, no reino dos mortos, em fase de recrutamento para um "emprego". Voltei a questionar o que pretendia exactamente com o "você vive". Ela bateu na mesma tecla, dizendo "o que quero saber é se vive...sim se vive! Compra jornais? Lê os jornais?" Com esta resposta disse um tímido "sim". Nesse momento reparei que escreveu "vive" no papel que tinha à sua frente.

Esta, porém, foi apenas uma de muitas bizarras perguntas. Outra foi: "O que acha que vai mudar?" Credo, pensei, mas mudar o quê?, em que sentido?

Tive, pois, de lhe responder com a clássica pergunta: "Desculpe, o que é que realmente quer saber?". "Bom", respondeu, "o que quero saber é o que acha que vai mudar as pessoas". Mais uma vez fiquei sem saber o que dizer, atirando para cima da mesa o que me veio à tola: "Bom, acho que são as novas tecnologias". Não houve reacção da parte de lá. Nisto, repentinamente, levantou o CV, o meu CV, e chegou-o muito perto da vista, tapando a sua cara, baixou o dito, como se estivesse a espreitar por uma cerca, e sorriu para mim. Retribui aquele sorriso, claro! Que maluquice!

De repente, do nada e após um ror de questões estranhas, pergunta-me a expectativa do ordenado. Disse que seria variável, mediante as condições. Revelou, então, que se tratava de falsos recibos verdes. Como é óbvio, não usou este termo. Atirei um valor que achei justo (mais baixo que a média até!), olhou para mim espantada e disse "Tenho muito que fazer, vou levá-la à porta".

Nisto lembrei-me o que a recepcionista desabafou durante o tempo que estive à espera: "Desculpe estar à espera, tenho de ir avisá-la outra vez porque se esquece de tudo, tem de ser lembrada constantemente acerca de tudo".

4 comentários:

  1. de facto HILARIANTE! aliás eu por experiência própria as entrevistas que tenho tido nos últimos meses, também têm sido de facto hilariantes!
    VIver neste país está-se a tornar insustentável, parece que gozam com a nossa cara.a melhor foi mesmo numa em que também era uma situação em falsos recibos verdes, em que a míuda que entrevistava dizia q n entedia pk é k os portugueses não gostavam dos recibos!
    ou outra em que me entrevistaram e perguntaram onde queria viajar..com o ordenado minímo nacional!

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  2. Mas podes crer que parece que gozam, Jovem... o que contas é igualmente surreal e essa de não entender porque é que os portugueses não gostam de RV parte de alguém que certamente nunca manuseou o belo do livrinho...
    viajar e receber o ordenado minimo são compatíveis? eis a questão! e bora lá saber em entrevistas! de facto, outra que parte de quem não sabe o que custa (sobre)viver com pouco mais de 450 euros. mas, pera lá, há a hipótese de ate saberem mas nunca terem viajado além fronteiras :)
    cambada de gozões esses!

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  3. é verídico. de facto às vezes penso q tenho q pagar p trabalhar.e qq dia isso acontece!
    A última foi mesmo essa..perguntarem.me destinos de sonho! e eu respondi!nunca pensei é q fosse o ordenado minimo..p além de só me terem dito depoiss da selecção. e não eles sabem bem o que é viajar porque ganham bem!só não devem saber q com 450 euros é impossível, visto nunca terem tido a necessidade de contar os tostões.

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  4. Acredito em ti...infelizmente é cada vez mais recorrente.
    Sei que esses a que te referes sabem o que é viajar: estava a ser irónica quando comentei que ainda havia a hipótese de nunca terem saido de PT e, tal como dizes, é óbvio que não sabem o que é (sobre)viver com um ordenado desses, mas acho que os deviam obrigar a estar numa situação dessas pelo menos 1 mês para sofrer na pele o que é!

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