É verdade, esta foi uma das perguntas feitas na última entrevista para "emprego" a que fui, ontem. Fiquei a olhar para a entrevistadora, que parecia estar com uma grande moca. Disse-lhe que não estava a perceber a pergunta, ao que me respondeu "quero dizer se você vive".
Comecei a imaginar-me um zombie, no reino dos mortos, em fase de recrutamento para um "emprego". Voltei a questionar o que pretendia exactamente com o "você vive". Ela bateu na mesma tecla, dizendo "o que quero saber é se vive...sim se vive! Compra jornais? Lê os jornais?" Com esta resposta disse um tímido "sim". Nesse momento reparei que escreveu "vive" no papel que tinha à sua frente.
Esta, porém, foi apenas uma de muitas bizarras perguntas. Outra foi: "O que acha que vai mudar?" Credo, pensei, mas mudar o quê?, em que sentido?
Tive, pois, de lhe responder com a clássica pergunta: "Desculpe, o que é que realmente quer saber?". "Bom", respondeu, "o que quero saber é o que acha que vai mudar as pessoas". Mais uma vez fiquei sem saber o que dizer, atirando para cima da mesa o que me veio à tola: "Bom, acho que são as novas tecnologias". Não houve reacção da parte de lá. Nisto, repentinamente, levantou o CV, o meu CV, e chegou-o muito perto da vista, tapando a sua cara, baixou o dito, como se estivesse a espreitar por uma cerca, e sorriu para mim. Retribui aquele sorriso, claro! Que maluquice!
De repente, do nada e após um ror de questões estranhas, pergunta-me a expectativa do ordenado. Disse que seria variável, mediante as condições. Revelou, então, que se tratava de falsos recibos verdes. Como é óbvio, não usou este termo. Atirei um valor que achei justo (mais baixo que a média até!), olhou para mim espantada e disse "Tenho muito que fazer, vou levá-la à porta".
Nisto lembrei-me o que a recepcionista desabafou durante o tempo que estive à espera: "Desculpe estar à espera, tenho de ir avisá-la outra vez porque se esquece de tudo, tem de ser lembrada constantemente acerca de tudo".
de facto HILARIANTE! aliás eu por experiência própria as entrevistas que tenho tido nos últimos meses, também têm sido de facto hilariantes!
ResponderEliminarVIver neste país está-se a tornar insustentável, parece que gozam com a nossa cara.a melhor foi mesmo numa em que também era uma situação em falsos recibos verdes, em que a míuda que entrevistava dizia q n entedia pk é k os portugueses não gostavam dos recibos!
ou outra em que me entrevistaram e perguntaram onde queria viajar..com o ordenado minímo nacional!
Mas podes crer que parece que gozam, Jovem... o que contas é igualmente surreal e essa de não entender porque é que os portugueses não gostam de RV parte de alguém que certamente nunca manuseou o belo do livrinho...
ResponderEliminarviajar e receber o ordenado minimo são compatíveis? eis a questão! e bora lá saber em entrevistas! de facto, outra que parte de quem não sabe o que custa (sobre)viver com pouco mais de 450 euros. mas, pera lá, há a hipótese de ate saberem mas nunca terem viajado além fronteiras :)
cambada de gozões esses!
é verídico. de facto às vezes penso q tenho q pagar p trabalhar.e qq dia isso acontece!
ResponderEliminarA última foi mesmo essa..perguntarem.me destinos de sonho! e eu respondi!nunca pensei é q fosse o ordenado minimo..p além de só me terem dito depoiss da selecção. e não eles sabem bem o que é viajar porque ganham bem!só não devem saber q com 450 euros é impossível, visto nunca terem tido a necessidade de contar os tostões.
Acredito em ti...infelizmente é cada vez mais recorrente.
ResponderEliminarSei que esses a que te referes sabem o que é viajar: estava a ser irónica quando comentei que ainda havia a hipótese de nunca terem saido de PT e, tal como dizes, é óbvio que não sabem o que é (sobre)viver com um ordenado desses, mas acho que os deviam obrigar a estar numa situação dessas pelo menos 1 mês para sofrer na pele o que é!