quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Chulecos

Há largos meses que aqui não vinha por vários motivos, entre eles excesso de trabalho, o que é excelente para os dias que correm. Não julguem, porém, que se trata de um emprego como outrora tive, com acesso a várias regalias e luxos como subsídios de férias e Natal, contrato de trabalho ou até mesmo efectividade! Não. É trabalho, puro e duro, a recibos verdes. Escusam, pois, de me imaginar algures de férias neste entretanto que aqui não entrei para debitar o que me vai na alma.

Venho aqui hoje falar específicamente dos chulecos. É que reproduziram-se que nem coelhos e vieram para ficar. É verdade, o seu "trabalho" não só se banalizou como se enraizou. Trata-se de um ciclo vicioso ou se preferirem de uma pescadinha de rabo na boca. O "trabalho" a que me refiro é do mais asqueroso: consiste no "recrutamento" de pessoas-que-vivem-do-ar (pensam eles). Ou seja, aliciar as pessoas para trabalharem a custo zero. A sério, é moda. Pegou e não há meio de largar, em especial os sites de (des)emprego.

Estes chulecos actuam de duas formas. A primeira consiste em colocar um anúncio a dizer descaradamente que necessitam de um "estagiário". Muitas vezes, o anúncio exige que esse "estagiário" tenha qualificações e experiência de um sénior. Infelizmente, pessoas com esperança de um dia vir a receber, aceitam trabalhar sem remuneração e, ao fim de um certo tempo, são enxotadas porque não encaixaram no perfil. Outras, mais novas, aceitam porque querem ganhar experiência. Sem o fazer por mal, quem aceita, está a estoirar o mercado!

A segunda forma de actuação é a que está em voga. Colocam anúncios nos ditos sites e, quando respondem aos candidatos, dizem não ter dinheiro, bla bla bla, estão a começar o projecto, bla bla bla, de futuro terão dinheiro para pagar, bla bla bla, prometem projecção, bla bla bla, pagam com visibilidade, bla bla bla, ou até mesmo com a colocação da fotografia e do contacto do trabalhador-que-vive-do-ar. Bla bla bla!

Independentemente da forma de actuar, são todos profissionais da treta. Aproveitadores da conjuntura para se safarem. Chico-espertos de baixo nível. Chulecos. Não têm área profissional nem classe social. Inundam os sites de (des)emprego em busca de escravos. Quiçá ganhem algo. É o mais certo. Chulecos.

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